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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
Foto e biografia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Carneiro_Vilela


CARNEIRO VILELA
( Brasil – Pernambuco )

 

( 1846 – 1913 )

 

 

Joaquim Maria Carneiro Vilela (Recife,9 de abril de 1846 — Recife,
1º de julho de 1913), popularmente conhecido como Carneiro Vilela, foi um escritor pernambucano, autor do renomado romance A emparedada da Rua Nova, escrito em folhetins entre 1909 e 1912.

Biografia

Filho do político Joaquim Vilela de Castro Tavares, foi romancista, comediógrafo, poeta e jornalista e também foi advogado, ilustrador, pintor paisagista e secretário de Governo. Em 1866 foi nomeado bibliotecário, além de exercer o cargo de juiz. Na companhia de outros escritores, fundou a Academia Pernambucana de Letras e fez parte d' A Escola do Recife, movimento que surgiu em 1870 e que trazia ideias revolucionárias em filosofia, direito e literatura. Também fundou o "Jornal Oriente" (1866), "A América Ilustrada" (1871) e a revista caricata e humorística "O João Fernandes" (1886).
Escreveu cerca de quatorze romances utilizando o folhetim então em voga nos jornais de seu estado. Dotado de grande capacidade, chegava a escrever três folhetins por dia.
Segundo Luís Delgado: "Era um homem versátil e andejo". Foi autor de romances, crônicas, comédias, artigos e poemas. Além disso, ainda pintava quadros e fazia cenários teatrais.
Seu polêmico romance naturalista, A emparedada da Rua Nova, provocou tanta polêmica na época, que pensou-se posteriormente tratar-se de um caso verídico, entre a sociedade recifense, o dramático caso narrado no livro. Um abastado comerciante, Jaime Favais, enganado pela mulher e enlouquecido pela gravidez da filha solteira, lava com sangue e desvario a sua "honra". A obra já está na quarta edição de publicação e, graças a Lucilo Varejão Filho, foi recentemente reeditada na coleção Grandes Mestres do Romance Pernambucano.

Obras

Inah, 1879, romance; Iara, 1880, romance; Noêmia, 1894, romance; A menina de luto, 1871, romance; Os mistérios do Recife, 1975, romance;    Os mistérios da Rua da Aurora, 1891, romance; •    O esqueleto, 1875, romance; O amor, A mulher de gelo, Perfil do século XIX, entre 1871 e 1875, romances; A gandaia, 1899, romance; Drama íntimo, 1900, romance; Quadros da vida, 1901, romance; Os filhos do governador, 1907, romance; A emparedada da Rua Nova, entre 1909 e 1912.

 

 

CAMPOS, Antonio; CORDEIRO, Claudia.  PERNAMBUCO, TERRA DA POESIA - Um painel  da poesia pernambucana dos séculos XVI ao XXIRecife: IMC;  Rio de Janeiro:     Escrituras, 2005.  628 p.
Ex. bibl. Antonio Miranda

 

Foto do Condor:
https://br.images.search.yahoo.com/search/images

 

NINHO DE CONDOR

Sem seu ninho o condor nos cumes da montanha.
Até à luz do sol, que nasce ele se banha
E banha-se na luz do sol, quando descamba.
Na hora em que os cipós, qual rede frouxa e bamba,
Balouçam-se ao bolir do vento perfumado,
E abrem flores à luz o cálice orvalhado,
E elevam-se do rio os úmidos vapores
Como gaze sutil bordada de esplendores
Cercando de um noivado um leito em seus mistérios,
Ergue o condor o voo aos términos aéreos.

Dali, da atmosfera além das superfícies
Domina os alcantis e as úberes planícies,
E, fitando no azul olhar que não descora,
Bebe em haustos de fogo o ar que o revigora,
Em plena liberdade, ao gozo do que queira,
É rei de todo o espaço, é rei da terra inteira.

Nada pode causar-lhe ao ânimo pujante
Desânimo ou terror, que perto, quer distante,
Ou suba até os seus pés, nos gritos das panteras,
No rugido do mar, maior do que o das feras,
No sussurro da mata o silvo das serpentes,
No ronco atroador das úmidas torrentes
Rolando da montanha às pedras da bacia,
Todo o estranho rumor que aos céus a terra envia:
Ou desça sobre si das túrbidas alturas,
Ao embate feroz das nuvens em torturas.
Por entre o ribombar de rábidos trovões,
O raio que estaleja em lívidos clarões;
Nada, nada o perturba: em seu longo passeio
Sorri do vendaval surgindo-lhe do meio.

 

  (In  História Geral da Literatura Pernambucana, 1955, p. 75)

 

 

SERENATA

Vem, não tardes, vem depressa,
Anjo belo entre os mais belos!
Pousa a pálida cabeça
No colchão de meus cabelos.

Sentes frio, tens receio
Da frieza desses lugares?
Tens o leito de meu seio,
Tens o sol de meus olhares!

Tens sede, queimam-te os lábios
Loucos, tímidos desejos?
Entre os perfumes arábios
Terás o mel de meus beijos.

Tens medo? crês ameaços?
Da vida roubar-te a calma?
Tens o escudo de meus braços,
Tens a força de minh´alma.

Tens sono? Fecha-te os cílios
Da sonolência o vapor?
Dos sonhos entre os idílios
Terás meu leito de amor.

És pobre? Penúria extrema,
O orgulho te abate assim?
Com meus beijos por diadema,
Terás a riqueza em mim.

O que te falta? O que queres?
Amor da terra e do céu?
Mais do que à outras mulheres,
Tudo, tudo, dar-te-ei eu.

Mas não tardes! Vem depressa!
Já murcha do cálix a flor.
Pousa a pálida cabeça,
Dos meus seios no calor.


(In:  História Geral da Literatura Pernambucana, 1955, p. 77-78)

 

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Página publicada em setembro de 2022

 

 


 

 

 
 
 
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